A mulher cientista e os esteriótipos sociais

Embora o mundo moderno aparentemente parece ser um lugar menos hostil e mais igual, ainda falta muito trabalho a ser feito e desfeito em alguns casos. Nesse sentido, a mulher ainda não alcançou por completo o seu lugar de direito em uma sociedade fundamentada na igualdade de gênero. Em outras palavras, a mulher moderna brasileira tem que lidar diariamente com o esteriótipos definidos pela sociedade.

Desse modo, estatisticamente falando, as mulheres ainda não estão presentes em todas as áreas de estudo científico. Ou seja, as mulheres são apresentadas aos esteriótipos de gênero que são construídos desde o seio familiar. Além do mais, as meninas são doutrinadas em relação aos seus gostos pessoais, suas aptidões físicas, comportamentais e interesses intelectuais. Em contrapartida os meninos da mesma idade são motivados a descobrirem o mundo a partir das suas próprias experiências.

Combater os esteriótipos sociais através da família

Doutora em física, Elena Bascones já trabalhou em instituições da Suíça, Estados Unidos e França. Também desempenhou um importante papel como pesquisadora no Grupo de Teoria de Materiais Quânticos. Agora imagina a quantidade de mentes brilhantes que se perderam no meio do caminho justamente pelos obstáculos desiguais que se apresentam desde a infância da vida de uma mulher.

Por essa razão os esteriótipos de gênero consistem na primeira fronteira na vida de uma mulher. Ou seja, a sociedade como um todo necessita urgentemente desvincular a imagem da mulher como uma figura frágil. Ou melhor, todas as crianças, indiferentemente de gênero, etnia e personalidade deveriam ser orientadas e incentivadas a explorar todas as suas aptidões e desejos pessoais.

A ciência desmente os esteriótipos sociais da mulher cientista

mulher cientista

Nem os homens são de Marte, nem as mulheres de Vênus. Seus cérebros, formas de pensar e habilidades também não. Desse modo, Janet Hyde, pesquisadora, professora de psicologia e diretora do Women’s Studies Research Center da Wisconsin-Madison University, argumenta que a biologia sozinha não configura uma razão suficiente para separar os sexos em dois mundos diferentes.

De acordo com seus estudos, que analisam dados em grande escala, mostram que as diferenças psicológicas entre homens e mulheres são mínimas, senão triviais. Em outras palavras, se por acaso elas existam, faz mais sentido explicá-las pelo contexto cultural.

Sem reconhecimento, as mulheres também necessitam de visibilidade

Decerto a diversidade no perfil das pessoas permite com que a ciência progresse ainda mais, visto que cada indivíduo percebe a realidade de maneira distinta. Em outros termos é justamente a diferença que fazem a ciência um dos fatores que mais a enriquecem. Portanto, “A sociedade não pode perder essa riqueza por questões de gênero”.

A cientista também apontou a ausência de referências científicas femininas nos livros didáticos e na mídia. “Ainda hoje percebemos uma desigualdade flagrante no meio acadêmico e científico”, disse Gloria Brea, que sublinhou a necessidade de trabalhar muito mais para combater os estereótipos e inverter a situação.

Como uma menina pode escolher ser alguma coisa que ela não pode ver?

Da mesma maneira que crianças negras no Brasil selecionam as bonecas negras como más e as brancas como boas, a desigualdade de gênero consiste em um problema cultural. Portanto, além de uma mudança no pensamento e comportamento da sociedade em relação a mulher, mais políticas públicas devem estipular a intenção de extinguir esse tipo de cultura.

Apesar do salto quantitativo que as mulheres deram na incorporação do mundo laboral nas últimas décadas e do fato de a paridade alcançar-se em alguns setores. Ainda existe um abismo vocacional entre o homem e a mulher em relação a outras atividades laborais, principalmente no meio acadêmico. Assim sendo, as mulheres concentram-se nas ocupações relacionadas com os papéis e estereótipos que tradicionalmente lhes são atribuídos. Em suma, já sabemos que não existe distinção intelectual, cognitiva e fisiológica entre homens e mulheres e o problema da desigualdade de gênero configura um fundamento cultural. Como uma menina pode escolher ser alguma coisa que ela não pode ver?